domingo, 6 de abril de 2014

Muito Além do Peso - Resenha escrita pela professora Lindalva Alves da Silva

Imagem do filme Muito Além do Peso (2012) de Estela Renner


O documentário Muito Além do Peso traz uma abordagem realista sobre a questão da obesidade infantil e mostra que um grande número de crianças brasileiras exibem excesso de peso. A obesidade infantil tornou-se um problema sério que afeta a qualidade de vida das crianças que desenvolveram doenças como: diabetes, problemas cardíacos, compulsões alimentares, depressão, entre outras. O filme expõe uma situação alarmante envolvendo as causas e consequências dos descontroles alimentares. Os depoimentos das crianças envolvidas, dos pais, médicos e profissionais de diversas áreas, expõem de forma crítica e chamam a atenção para a péssima influência das propagandas das indústrias alimentares voltadas ao público infantil.

O assunto exposto traz um contexto que envolve um amplo debate sobre a alimentação das crianças e os efeitos da propaganda de alimentos sobre elas. O documentário alerta sobre a necessidade de sensibilização e mobilização da sociedade acerca do consumismo na infância e propõe uma reflexão sobre a responsabilidade de todos os envolvidos.

Enfim, o efeito devastador dos alimentos nocivos à saúde traz à tona propagandas abusivas com apelos visuais marcantes, falta de ética das indústrias alimentícias que visam apenas o lucro e não se preocupam com a saúde.

sábado, 5 de abril de 2014

O trabalho pedagógico e o documentário - Avaliação escrita pelo professor Adailton Pereira de Melo

No processo de desenvolvimento do Curso de História do Cinema é possível perceber que as raízes remontam ao que ficou conhecido como realismo cinematográfico (pós II Guerra Mundial) e que incorporou-se no cinema documentário, muito utilizado como objeto de planejamento curricular nas escolas, nos dias atuais. Assim, entende-se que o cinema das primeira décadas eram tratados como possibilidade de reprodução do real de tal modo que a imagem mecânica foi identificada a partir de sua função de reprodutora da realidade, processo de identificação alimentado pela especificidade técnica da imagem reprodutível.

Em nossas escolas, o que se percebe é que o filme não é uma previsão curricular ou de planejamento didático pelo qual o professor incorporaria a dimensão estética e crítica da análise da película.

Mas, interessa a forma pela qual se trabalha pedagogicamente o filme com os aprendentes, considerando o gênero mais usual que é o documentário. O que se percebe é que os profissionais em educação iniciam pecando na ausência de um planejamento que evite o foco no enredo e na finalização, deixando de lado outros aspectos importantes de ordem estética, ideológica, econômica, social, política, entre outros; esquecendo inclusive que o documentário como arte cinematográfica é uma obra pessoal de seu realizador e que o documentarista não deve ser visto apenas como um meio para transmitir determinada realidade, o que significa que pelo fato de estabelecer um olhar próprio e subjetivo sobre determinado assunto, que um filme nunca é uma mera reprodução do mundo.

O produtor e o diretor existem no mundo e interagem com os outros, e sabe-se que o objetivo fundamental é apresentar uma visão sobre determinada realidade, seja uma visão própria ou imposta por determinado mecanismo do poder. Acima de tudo, um documentário transmite-nos, não a realidade, mesmo nos louváveis esforços em transmitir a realidade "tal qual" ela é, mas, essencialmente, o relacionamento que o documentarista estabelece com um tema. Por isso, ouvimos no decorrer do Curso de História de Cinema que existe identificação ideológica de classe, econômica, de poder, entre outros.

Cena de "Ave Maria ou Mãe dos Sertanejos" (2009), de Camilo Cavalcante


De certa forma, a leitura de imagem (incluindo o som, fotografias, enquadramento, etc.) soma-se à compreensão de que existe uma manipulação de imagens, somada ainda à exploração de todas as possibilidades expressivas da montagem e dos recursos sonoros, o que conduz ao grande questionamento de como documentar a realidade brasileira, uma vez que a mesma já é uma questão cultural, isto é, a questão de como deve ser a nossa cultura, e nesse caso, o filme, um elemento dessa cultura, uma proposta de solução para os impasses no desenvolvimento dessa cultura.

Creio que ainda estamos engatinhando no sentido de favorecer uma relação dialógica com o cinema em sala de aula, fugindo dos estereótipos impregnados na própria contracultura de não existir em nossas cidades uma cultura de cinema, enterrado com as salas Severiano Ribeiro que, na década de 1970 e início dos anos 1980 foi sendo substituído pela febre das discotecas, ou Dancing Days, mais atrativos para a juventude e, nos dias atuais, do cinema de super-heróis norte-americanos, do DVD pirata com filmes que expressam ou banalizam o horror, o mal caráter.

Se a realidade das capitais permanece inalterada em relação a cultura cinematográfica, no interior, as cidades tendem a viver a nostalgia de que um dia a realidade irá mudar. Esse traço marcante da influência ou imposição cultural estranha à realidade foi vista no filme Ave Maria ou Mãe dos Sertanejos (2009), quando a realidade final surge na lente cinematográfica, ou seja, crianças assistindo o cartoon Pica-Pau na televisão.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Avaliação do curso em Palmares

Como prometido, vamos dar início às postagens com resenhas e avaliações do curso escrita pelos professores que participaram desta edição! A avaliação abaixo foi escrita pela professora Maria Vaneide, que assistiu às aulas em Palmares.

"Na perspectiva para uma dinâmica de inovação para o ensino, entre os vários recursos de abordagem na educação, integra-se o cinema, sendo assim, considerado um meio de comunicação, linguagem que vem de anos passados, porém atual. A educação pode obter esse meio como instrumento ou como uma parceria pois o mesmo pode ser visto como elemento educativo. Trabalhar com filmes como mais um procedimento educativo é levar o estudante a descobrir o meio social e seus segmentos, pois os filmes de acordo com os conteúdos elevam o valor cultural, trazendo referências, o lúdico, ideologias e conhecimentos que são colocados como ponte afirmativa de forma artística. Dos mais difíceis aos mais fáceis, dos mais aceitos aos mais ignorados, os filmes apresentam sempre uma base de interpretação maior pelos recursos disponibilizados, ajudando a observação com maior precisão nas imagens, formas, cores, sons, cenários e etc. para o ato do ensino-aprendizagem.

Escolher os filmes como instrumento para melhorar o processo ensino-aprendizagem pede caminhos para uma aula dialogada com mais força nas participações dos estudantes e professores de acordo com a abordagem do filme. Assim, conhecer a trajetória da história do cinema se mostra uma necessidade ainda maior. O que causa o encantamento de poder usar os filmes nas aulas é a aproximação do ver, ouvir, e então analisar, interpretar com os estudantes, fazendo um contato maior com todo o conjunto encontrado no cinema".

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Curso de Cinema no Brasil realiza sua terceira etapa no Recife

Cena do filme A Onda Traz, O Vento Leva, de Gabriel Mascaro, que será
exibido durante o curso
  

    Professores da rede pública estadual do Recife já estão participando da terceira etapa do Curso Itinerante de História do Cinema no Brasil, desde segunda-feira (31). O projeto é voltado para a formação destes profissionais, e busca levar a escolas pernambucanas aulas sobre o cinema brasileiro, com o objetivo de instrumentar professores para usarem filmes nacionais em suas aulas. O curso é gratuito e ficará no Recife até o dia 04 de abril, na Escola Estadual Aníbal Fernandes, no bairro de Santo Amaro. As aulas acontecem das 14h às 18h e os professores interessados deverão preencher um formulário disponível no blog do curso (www.cinecursope.blogspot.com.br) e enviá-lo para o e-mail cinecursope@gmail.com, ou entrar em contato com as regionais da Secretaria de Educação por onde o curso passará. Mesmo com as aulas já iniciadas, interessados ainda podem se inscrever e ir até a escola para participar da formação.
        As aulas são ministradas pela doutora em comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco, Raquel do Monte. O curso passará ainda por Afogados da Ingazeira, de 07 a 09 de maio, e conta com 20 horas de aula em cada cidade.
       Com produção e realização da Jaraguá Produções, incentivo do edital de audiovisual do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) e apoio da Secretaria de Educação, a primeira edição do curso aconteceu em 2011 e passou por Vitória de Santo Antão, Caruaru, Limoeiro, Arcoverde, Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes. A segunda edição foi realizada em 2013 e esteve em Petrolina, Salgueiro, Garanhuns, Nazaré da Mata, Igarassu e Olinda.
        Para Constantino Bezerra, professor de Sociologia responsável pelos professores de Sociologia e Ensino Religioso da Gerência Regional de Educação, o curso tem vantagens também para a relação entre as regionais e os professores. "Na formação com professores, a gente também utiliza filmes. Por exemplo, sobre ensino religioso: a gente pega recortes do filme Gandhi (1982) e inclui na formação, para reflexão. Esse é um conteúdo obrigatório pela legislação, então mostramos que eles não precisam usar apenas livros didáticos, também existem filmes com conteúdo religioso, a multiplicidade das religiões", explica. Ele disse ainda que o Curso aperfeiçoa os professores e demais profissionais de educação, deixando mais claro a história do cinema no Brasil. "A questão da concepção estética, do cinema e literatura, são outras visões que a gente não tem, e que a partir de agora estamos vendo", complementou.
        Por sua vez, Elton Fernandes, professor de Sociologia, Filosofia e Direitos Humanos, acredita que o curso está aprimorando o seu olhar para a relação entre o ambiente escolar e o audiovisual brasileiro. "Sempre gostei de cinema e de incluí-lo nas aulas, mas o curso está ajudando a enriquecer o nosso olhar em torno dessa soma da educação com o cinema e sobre o que isso pode resultar", afirmou.
       "Quando planejamos as aulas, somamos direito o conteúdo que será dado com o que é apresentado no filme, isso ajuda a enriquecer o aprendizado e a imaginação dos alunos. O indagar filosófico, por exemplo, uma coisa é eu explicar isso, ler um capítulo de um livro e tentar estabelecer um debate. Outra coisa é eu discutir isso a partir de uma obra como O Show de Truman (1998). Aí eu exibo isso e mostro como o personagem contesta tudo ao seu redor, e daí puxo para o indagar filosófico, o questionamento do cotidiano, que vai nessa linha. Então quando passamos um filme, é como se tivesse um turbilhão de informações para eles, que é somado ao que foi passado em sala de aulas, enriquecendo o conteúdo", acrescenta Fernandes.
           

Serviço:
Curso Itinerante de História do Cinema no Brasil 

Inscrições:
Os interessados em participar poderão se inscrever e saber mais informações através do www.cinecursope.blogspot.com. Professores e educadores de apoio do Estado poderão fazer suas inscrições também nas escolas estaduais, que serão encaminhas às Gerências Regionais de Educação das suas cidades.

Agenda:
Recife Norte
Dias: 31.03 a 04.04
Horários: 14h às 18h
Local: Escola Estadual Aníbal Fernandes – R. Marquês do Pombal, s/n, Santo Amaro

Afogados da Ingazeira
Dias: 07 a 09.05
Horários: 08h às 12h e das 13h às 17h
Colégio Normal Estadual – Av. Padre Luiz de Campos Góes, s/n, Centro